domingo, 30 de outubro de 2016

SÍNTESE DO 2.º ENCONTRO DA FRENTE CÍVICA NO PORTO





SÍNTESE DO 2.º ENCONTRO DA FRENTE CÍVICA NO PORTO

No dia 22 de Outubro de 2016, no Auditório da União de Freguesias de Santo Ildefonso, na cidade do Porto, realizou-se o 2.º Encontro da FRENTE CÍVICA.
Numa sala cheia, após uma breve introdução inicial onde a moderadora deu conta da agenda do dia, tal como no primeiro encontro, começou por se ouvir o mentor, o fundador e ideólogo desta frente, Paulo de Morais. Aqui se transcreve quase na integra a sua intervenção:
“Criar uma rede de pensamento permanente, de partilha de ideias que leve à identificação dos problemas crónicos da sociedade portuguesa - este é um dos primeiros objectivos da Frente Cívica.
Apesar de ser ainda curto o percurso de reflexão comum, há algumas conclusões que podemos desde já tirar. Em primeiro lugar, é evidente que os problemas crónicos da sociedade portuguesa são inúmeros. Em segundo lugar: há um fio condutor na linha de pensamento dos que têm respondido ao desafio da Frente Cívica, há uma grande convergência na identificação das questões que nos apoquentam e angustiam.
Os problemas identificados nesta primeira fase são vastos, que vão da inoperância da Justiça às rendas milionárias com as parcerias público-privadas; da inexistência dum sistema integrado de prevenção de incêndios, aos atrasos crónicos com que os portugueses comparecem em encontros, as demoras no início de reuniões, aulas e todo o tipo de compromissos. Estas e muitas outras serão as nossas preocupações. Preocupações – e esta é uma das conclusões a que podemos também desde já chegar – a que os actores políticos, as ditas elites, andam alheias. A política em Portugal reveste hoje estas duas características: está alheada dos principais problemas do País e a vida política apenas discute o acessório, esquecendo o essencial. Os exemplos, também aqui, são incontáveis. Na discussão pública sobre o Orçamento de Estado de 2017, apenas se abordam algumas questões fraturantes – como o IMI ou algumas pensões - mas que no seu conjunto representam apenas quatro por cento dos gastos previstos, da ordem dos oitenta mil milhões de euros. No espaço público, quando se fala da Caixa Geral de Depósitos, correm rios de tinta sobre o salário milionário do seu novo presidente, mas oculta-se a razão pela qual se vai proceder ao maior aumento de capital de sempre feito em Portugal, de cerca de cinco mil milhões de euros. Discutem-se as múltiplas acções de solidariedade, mas ignora-se que os pobres estão cada vez mais pobres e que se acentuam as diferenças sociais e económicas.
Mas não é apenas a política que anda arredada dos temas que interessam aos cidadãos. Também a comunicação social os ignora. Os media, que deveriam constituir o quarto poder, no sentido de que deveriam controlar os restantes, transformaram-se em correias de transmissão dos partidos e das agências de comunicação ao serviço dos mais perversos interesses económicos.
Neste contexto, o meu primeiro pedido é o de que, em conjunto, lado a lado, constituamos uma rede de pensamento colectivo, nacional, de cidadãos desassossegados e exigentes.
E será desta rede que deverá emanar a reflexão que nos permita identificar os problemas crónicos (o que já vimos fazendo, como atrás referi), elencá-los e priorizá-los na actuação futura da Frente Cívica.
Para cada um destes problemas crónicos, destes assuntos verdadeiramente estratégicos, teremos de proceder a um estudo exaustivo, identificando devidamente o problema, denunciando os seus responsáveis, buscando pistas e caminhos para a obtenção de soluções. Obtida a solução, procuremos os parceiros adequados e tentemos implementá-la.
Para cada situação, a intervenção será diversa. Mas para todas as intervenções, para todas as lutas, teremos de nos munir de conhecimento e, sobretudo, de coragem. Coragem colectiva que, para além de afastar o medo - essa característica atávica dos portugueses que por si só constitui um dos maiores problemas do país – consiga alterar o contexto.
Com determinação, a partir duma rede de pensamento colectivo, da construção das soluções e da captação do capital de coragem para as implementar – conseguiremos, com a acção da Frente Cívica, resgatar os portugueses mais desfavorecidos da situação de miséria e acordar uma classe média conformada com uma política refém dos negócios que não serve o nosso presente e compromete o futuro de Portugal.”
Seguiu-se um período de intervenções de quem se inscreveu, tendo sido dada oportunidade a todos os 23 inscritos. Estas intervenções, assim como todo o encontro foram filmadas e estão já disponíveis, tanto na página do Facebook, como no Blog da Frente Cívica.
Começámos por ouvir António Manuel Ribeiro e Mário Frota, que de forma eloquente e bem explicita, referiram algumas das razões pelas quais se juntaram a Paulo de Morais na génese da Frente Cívica.
Seguiram-se as intervenções dos inscritos, cuja ordem não obedeceu a nenhum critério a não ser o da inscrição (gerida pelo secretário da mesa). Para além de palavras de incentivo e de algumas recomendações organizacionais, nomeadamente no que se refere ao financiamento da Frente Cívica e à gestão das iniciativas dos seus associados. Foram muitos e variados os assuntos abordados, desde a consideração do défice democrático, face ao sistema eleitoral de partidarismo e caciquismo, aos graves problemas com a justiça diferente para ricos e pobres. Foram referidos os medos, desde as situações do quotidiano, até aos medos de atuar, de falar e até de ouvir. A baixa natalidade, o insucesso escolar, a sustentabilidade da segurança social, as assimetrias regionais, a consciência do bem comum, a falta de compromisso dos políticos eleitos, a abstenção e a apatia do povo, foram alguns dos assuntos abordados. Bem como a dificuldade de comunicação e a possibilidade de utilização dos jornais regionais, bem como as redes sociais, como meio de contornar a falta de visibilidade na comunicação social.
Tendo sido pedido aos intervenientes, sugestões de temas de intervenção da Frente Cívica, foram referidas diversas áreas, nomeadamente a Justiça, tendo sido sugerido que se pugnasse pela criação de um Tribunal especifico contra a corrupção. Foi sugerida a abordagem estratégica da democratização das leis eleitorais, com o devido comprometimento dos partidos. A criação de uma cultura de alerta e de denuncia face ao desprezo pelo que é público e bem comum. Foi abordado o problema da baixa natalidade e das estratégias para o alterar. Os problemas da educação, nomeadamente no que concerne à reutilização dos livros escolares e ao insucesso escolar. O regime político, o sistema eleitoral e a questão da falta de compromisso politico dos partidos, com os programas eleitorais que apresentam a sufrágio.
Em jeito de conclusão Maria Teresa Serrenho deu conta das acções já realizadas pela Frente Cívica, referindo que a planificação inicial da organização foi a de realizar 4 encontros Nacionais, cujas conclusões deverão ser a base de trabalho para a elaboração dos princípios e dos estatutos da Frente Cívica, tendo referido ainda que este foi o 2.º Encontro, o 3.º Encontro Nacional será em Lisboa, no Auditório do antigo Liceu Camões, no dia 26 de Novembro, pelas 16h e que o quarto e último encontro (desta primeira fase) será em Faro em data a anunciar.
Deu ainda conta das questões organizativas da Frente Cívica e dos passos que já foram dados, nomeadamente a criação de uma página no Facebook, a criação de um blog com o nome de http://frentecivica.blogspot.pt/. Foi já tratado o Certificado de Admissibilidade e a Frente Cívica já tem, por isso um Número de Identificação de Pessoa Colectiva.
Referiu ainda que serão considerados Sócios Fundadores, todos os que se inscreverem na Frente Cívica até à data da sua formalização notarial e que a partir de agora, haverá a possibilidade de se inscreverem, através de uma aplicação online, https://goo.gl/forms/Tihs2M4iBxr8b2xf2, (só para quem ainda não se inscreveu em papel).
Informou também que, não obstante estar a ser ainda equacionado o modelo de financiamento e cotização, bem como todo o resto do processo organizativo, foi já aberta uma conta em nome da Frente Cívica (IBAM PT50-0045 5136 4028390481093).
A segunda intervenção de Paulo de Morais foi muito breve e resumiu-se ao incentivo à criação de uma “Rede de pensamento desassossegado” e à participação de todos no próximo encontro em Lisboa. Tendo-se dado por encerrado o 2.º Encontro da Frente Cívica.